NOVAS COMPETÊNCIAS DO PROFISSIONAL BIBLIOTECÁRIO NO CONTEXTO DA ERA DOS DADOS
Monica
M. Carvalho Gallotti
A
crescente integração e o uso das Tecnologias da Informação e
Comunicação (TIC) na sociedade atual tem modificado a forma como os
dados e a informação circulam no mundo, como os cientistas lidam
com estes elementos e acima de tudo, como
os bibliotecários se colocam neste novo paradigma.
O grande desafio a ser enfrentado por este profissional é inserir-se
nesta nova realidade “indo além dos limites das práticas
tradicionais de biblioteca” Alvaro et
al
(2011)
atuando como peça fundamental no processo de geração do
conhecimento com o potencial de gerar a inovação desejada para o
avanço da ciência.
As
mudanças são graduais, realizando-se, a partir de meados do século
XX, a um ritmo cada vez mais intenso. Um maior progresso da
tecnologia coincide com o aumento do interesse e do debate acerca da
comunicação da informação científica e do papel do bibliotecário
neste ínterim.
Nesta
realidade surgem novos constructos tais como o do E-Science
que
lida essencialmente com a crescente inserção da TIC às práticas
relacionadas à ciência como um todo e, em particular, aos dados
associados a esta. (BARJAK, et
al,
2013). Deriva ainda do fenômeno conhecido modernamente como Data
Deluge ou
“enxurrada de dados” e ainda o Big
Data,
que, por sua vez, baseia-se no contexto da Data
Driven Science “ciência
centrada nos dados”, onde evidentemente, os
dados assumem o foco central e são o principal recurso.
Outro fenômeno que permeia essa realidade é o open
data ou
dados abertos que segundo o Open
Knowledge Internacional
ocorre
quando qualquer pessoa pode livremente acessar, utilizar, modificar e
“compartilhar dados para qualquer finalidade, estando sujeito a, no
máximo, a exigências que visem preservar sua proveniência e sua
abertura”. Além destes conceitos outro que se apresenta nesta
realidade é o do Digital
Scholarship
(DS)
que pode traduzir as práticas de produção e disseminação da
ciência mediada pelas TIC. Para Bailey (2009, p. 1) o DS lida com
elementos tais como “copyright digital, curadoria digital,
repositórios digitais, open
access,
comunicação científica e outros assuntos ligados à informação
digital […] capaz de exprimir e representar todo o espectro da
comunicação científica que ocorre em formato digital e com uso e
reuso de dados”. Corroborando essa linha de pensamento, Pearce et
al.
(2011, p.1) consideram o “Digital
Scholarship
como
uso da TIC aplicado a pesquisa, uso de dados, ensino e atividades de
colaboração”.
Na
realidade, todas essas definições acima mencionadas expressam o
contexto atual no qual existem mais dados do que as pessoas ou os
sistemas informáticos são capazes de tratar, promover curadoria e,
ainda, armazenar, trazendo
desafios constantes para todos os envolvidos no processo.
Os
bibliotecários como peças fundamentais na sociedade têm ao logo do
tempo atuado como facilitadores da pesquisa científica e neste novo
cenário não poderia ser diferente. Tornou-se fundamental acompanhar
as mudanças no cenário da informação e a emergência dessa nova
realidade cria a necessidade de novas competências por parte deste
profissional.
Na
era dos dados surge a necessidade de que os mesmos se tornem data
librarians, databrarians ou
“bibliotecários
dos dados”.
Estas novas competências podem ser expressas nos diversos tipos de
unidades de informação, traduzidos em serviços oferecidos por este
profissional tais como: treinamento em torno da extração de dados
de pesquisa, curadoria, proposição de metodologias de gestão, uso
e reuso dos dados bem como a elaboração de estratégias e
visualização dos mesmos. Para Thompson;
Kellam (2016)
fica
claro que o bibliotecário dos dados não possui uma habilidade
isolada mas sim uma coleção de habilidades e competências que se
sobrepõem mas centram-se em fornecer acesso, documentar, preservar
dados, tais como o fazer bibliotecário tradicional mas agora migrado
para um ambiente digital com valor agregado.
Para
o alcance dessa nova realidade se faz necessário que estes
profissionais recebam treinamento e formação para tal. Portanto,
torna-se
fundamental a inserção destas discussões e conteúdos no currículo
dos cursos de graduação em Biblioteconomia
e
áreas adjacentes no campo da Ciência da Informação.
O
desafio está posto
tanto
para os profissionais quanto para os que os educam. É preciso
preparar o profissional para esta nova realidade e novas exigências
que o mercado demanda, algo necessário para agenda atual da ciência.
REFERÊNCIAS
ALVARO,
Elsa et
al.
E-science librarianship: field undefined. Issues
in Science & Technology Librarianship,
Chicago, n. 66, p. 28-43, Summer 2011.
BAILEY,
C. W. Scholarly
electronic publishing bibliography. Houston:
SEP, 2009. Disponível em:
. Acesso
em: 01 nov. 2018.
BARJAK,
F. et
al.
The emerging governance of e-infrastructure. Journal
of computer- mediated communication, v.
18, n. 2, p. 1-24, maio/ago. 2013. Disponível em:
. Acesso
em: 21 set. 2018.
PEARCE,
N. et
al. Digital
scholarship considered: how new technologies could transform academic
work. In
Education,
v. 16, n. 1, 2011. Disponivel em: < http://bit.ly/2rqUbgV>.
Acesso em: 02 nov. 2018.
TENOPIR,
Carol; BIRCH, Ben; ALLARD, Suzie. Academic libraries and research
data services. Current practices and plans for the future; an ACRL
white paper. Chicago: Association
of College and Research Libraries,
2012. Disponível em: .
Acesso em: 02 nov. 2018.
THOMPSON,
Kristi Anne; KELLAM, Lynda. Introduction to Databrarianship: The
Academic Data Librarian. in: Theory
and Practice.
2016. Disponível em:<
https://bit.ly/2Oumvuj
>.
Acesso em: 05 nov, 2018.
Open
Knowledge International. Disponível
em:<
https://okfn.org/>.
Acesso em: 05 nov. 2018.
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